O Porto Criativo
O presente projeto trata da significância das edificações históricas, assim como a importância da valorização do Sítio Histórico presente no Porto de São Mateus, numa tentativa de atrair a população e turistas a contemplar, participar e movimentar uma das partes mais ricas culturalmente da cidade.
O ambiente alterna entre o antigo, construído desde a época colonial e o contemporâneo do século XXI, o que torna o Sítio Histórico ainda mais rico em diversidade cultural. As edificações antigas retratam um período histórico de suma importância tanto para a cidade de São Mateus como para o Estado do Espírito Santo, visto que estas edificações figuram como uma das mais antigas do país datando de 1544, ou seja, são contemporâneas ao processo de colonização do território americano pelos portugueses.
Com o apoio da PMSM e da SECULT-ES, realizamos campanha de educação patrimonial para atrair o público para ocupar o Sítio Histórico, movimentar seus casarões históricos que apesar da atual pouca movimentação já contaram com salas de exposição, teatro, escola de dança e ainda sobrevive pela ocupação dos bares, lojas de artes plásticas e artesanatos, sedes de coletivos artísticos, associação de moradores, associação de capoeira e etc.
Queremos que a população se beneficie com seus atrativos e , num objetivo maior, preservar a memória, valorizar a cultura que se estende no tempo da história, instigar a reflexão crítica dos processos sociais ali ocorridos além de ressaltar a necessidade da preservação e restauração dos casarões e ruínas que constituem o Sítio Histórico.
O Porto Criativo
Memórias Ativas!
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
Sítio Histórico Porto de São Mateus - ES
A melhor maneira de educar o olhar para o patrimônio cultural está em oportunizar o acesso as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de novas percepções desse espaço público, que por sua vez, estão vinculadas à sua vivência de maneira efetiva. Portanto, as fotografias apresentadas nesta exposição têm como objetivo acionar um gatilho para a memória, possibilitando que este indivíduo convoque e (re)memore a história desse espaço, levando-o a conjugar o passado no presente, despertando sentimentos e afetos pelo Sítio Histórico do Porto de São Mateus - Marcela Belo.
O Porto e a sua História
O Sítio Histórico do Porto de São Mateus, localizado na Cidade Baixa, às margens do Rio Cricaré (no centro da cidade de São Mateus), abriga um conjunto de construções do período colonial: casarões, tipicamente luso-brasileiras, edificados a partir do século XVII por arquitetos portugueses trazidos por aristocratas locais. Até o século XIX a produção de farinha de mandioca foi a base da economia da região, sendo elemento fundamental para a estruturação do porto fluvial da cidade. A área do entorno do porto tornou-se gradativamente o principal núcleo de atividades da população, notadamente aquelas ligadas ao comércio, inclusive às transações de escravos. Com a abertura das primeiras estradas de rodagem, a partir de 1938, ano em que se inaugurou a estrada ligando São Mateus a Linhares, o transporte fluvial entrou em decadência e o velho Porto foi perdendo as grandes casas comerciais que se mudaram para a cidade alta - Marcela Belo.

Comércio
As construções do casario local tinham por objetivo o armazenamento de produtos que serviam aos mais diversos usos., por isso se caracterizaram pela vocação ao comércio. Desde muito tempo o Porto abrigou armazéns, lojas, serralherias, bares, mercearias, lojas de panos e até mesmo o mercado municipal esteve localizado durante muitos anos no Porto de São Mateus.
O LARGO DO CHAFARIZ E SEU MOVIMENTO NO INÍCIO DO SÉCULO XX
A possibilidade de ter adentrar quilômetros adentro do continente com as embarcações através do Rio Cricaré favoreceu em muito o surgimento de uma sociedade complexa e dinâmica. A região do Sítio Histórico já foi uma das mais movimentadas da cidade, justo por ser sua principal porta de entrada até o início do século passado. Trazendo até o município colonos portugueses, ou negros escravizados. No detalhe a grande movimentação de pessoas no Largo do Chafariz, em data provável do início do século XX. Chamam atenção os trajes de época.


ELEMENTOS DA COLONIZAÇÃO
Quando da colonização do território pelo povo português iniciou-se um processo de transformação da paisagem local, caracterizado pela derrubada das matas com vias ao plantio de matérias primas voltadas à exportação, bem como a introdução de elementos tradicionalmente portugueses, como a arquitetura local. No detalhe um marco de fundação utilizado como referência para a construção dos sobrados locais.
Casario
O casario local abrigou durante muito tempo a elite comercial e aristocrata local, porém com a introdução das ferrovias e estradas a cidade se expandiu retirando do Porto seu centro comercial, o que fez com que a região sofresse com o abandono e um processo de ruínas, principalmente na segunda metade do séc. XX.


As curvas do rio Cricaré
Foi ao visualizar as curvas do rio Cricaré e seu aspecto de serpente que lembram a letra 'S", que o Padre José de Anchieta, em um dia 21 de setembro, dedicou a cidade à São Mateus, o santo evangelista. No detalhe as curvas do rio Cricaré, com uma embarcação chegando e o casario em data provável de 1950
Cidade Alta,
Cidade Baixa
Muita gente acredita que o Porto de São Mateus se trata apenas do largo do Chafariz, às margens do rio Cricaré, mas a verdade é que tanto a parte baixa quanto locais da cidade alta, como a Praça da Matriz, o Mirante e a Praça São Benedito faz parte do Sítio Histórico do Porto de São Mateus.

Arquitetando a História:
O Porto e seus Traços
Ao longo de sua história, o Porto de São Mateus assumiu ares das tradicionais praças portuárias de extração portuguesa, contribuindo para elevar a vila à condição de cidade em 1848, no auge da atividade do porto. Assim formou-se a praça local, que oficialmente se chama Graciano Neves, mas é conhecida como Largo do Chafariz. A preservação do desenho da praça portuária garantiu ao o Porto de São Mateus um valor urbanístico, paisagístico e arquitetônico, que foi reconhecido pela Resolução CEC Nº 01/1976, quando foi tombado 32 imóveis, mais o chafariz (inscrito no Livro de Tombo como obra de arte). Deste modo, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Espírito Santo, porém, faz-se necessário um amplo trabalho de educação patrimonial, a fim de ressignificar a relação entre o porto e a cidade - Marcela Belo.

Sobrados e ruínas
Apesar de sua beleza arquitetônica os sobrados do Porto foram abandonados por muito tempo. Apenas com uma campanha nacional de restauração, encabeçada pelo escritor Maciel de Aguiar é que o casario foi tombado e reformado. No detalhe casarões em processo de abandono em data próximo aos anos 1960

Pau a pique
A multiplicidade étnica introduzida pela colonização portuguesa e seus processos de escravização e produção econômica deram surgimento a uma grande diversidade de técnicas, como nesta casa de estilo português, mas com técnicas de construção de Pau a Pique, que utiliza madeiras entrelaçadas e preenchidas com barro.
Diversidades, Abandonos
e Esperanças
Cabe ressaltar, que, tradicionalmente, o termo patrimônio vinha acompanhado dos adjetivos “histórico” e “artístico”, porém, com o passar do tempo foi necessária a ampliação conceitual deste termo. Foi em 1972, por meio da Unesco, que o adjetivo “cultural” foi definitivamente adicionado ao termo “patrimônio”, passando a ser chamado patrimônio cultural para pontuar os bens culturais nos diversos âmbitos. Deste modo, podemos considerar que o Sítio Histórico do Porto de São Mateus, enquanto patrimônio cultural do estado, é um vestígio do passado, ou marca do presente, dotado de representações simbólicas que habitam, simultaneamente, esse espaço público e o imaginário urbano. A partir dessa relação, verificamos sua atuação sobre a memória coletiva, intimamente ligada à cultura e à identidade deste espaço. Podemos observar que cada pessoa guarda uma imagem que faz de sua própria cidade, sendo essa, impregnada de lembranças e significados. Assim, podemos afirmar que a memória individual é uma combinação dos diferentes grupos nos quais os sujeitos estão inseridos socialmente, dando forma à memória coletiva. Esta memória é a identidade cultural de determinada sociedade, ou seja, constitui o seu patrimônio cultural - Marcela Belo.